Colegas lembram com carinho de pai e filho assassinados

Um dia depois da trágica morte do garçom Gilberto Mendes, 61 anos, de seu filho, Gabriel Mendes, 16 anos - brutalmente assassinados dentro do apartamento onde moravam, na manhã de sábado, no Centro de Santa Maria - amigos e colegas recordaram dos dois como pessoas amáveis e muito queridas.

Em um post no Facebook, Camila Costa escreveu um texto sobre Gilberto, conhecido da população por atuar como garçom em locais tradicionais como Café Cristal, Clube Caixeiral e outros.

Na mensagem, ela diz:

"Ao melhor garçom do mundo..."
Alguém olhou pro céu hoje? Não era o mesmo céu dos outros dias, as nuvens grudadinhas uma na outra, com um tom sem graça, pareciam querer anunciar algo.
E mais uma vez a cidade silenciou, mais uma manhã dolorida em Santa Maria da Boca do Monte.
O pequeno grande Betinho retornou ao Lar, findando hoje sua missão na Terra. Pai zeloso pelo que sabemos, fará sua passagem de mãos dadas com seu filho Gabriel. E aqui, nós sentiremos sua partida, em dobro.
O Betinho era torcedor do Periquito, conhecido por sua gentileza e seu jeito divertido de atender. Eficiente e cheio de assunto... Um suco pro gurizinho? Copo de plástico pro pequeno? Coca zero pra senhora? Trabalhando muito? E lá (minha casa), tudo bem?
- Sim, Betinho. Tudo bem!
Feliz de quem almoçou no Caixeiral e foi recebido por aqueles simpáticos olhos azuis. Dá pra entender o motivo do céu sem graça hoje pela manhã. Destino ou não, as portas do restaurante também se fecharam. E pra quem não conheceu o Betinho, eu lamento... Porque o Betinho era o melhor garçom do mundo.
Bom retorno, seu Gilberto. O cara lá de cima precisava de um companheiro que nem o senhor.
Com carinho e saudades, Restaurante Caixeiral

MENINO DOCE
O adolescente Gabriel Mendes, 16 anos (na foto, ao lado, com o pai), foi descrito por amigos como um menino doce. O garoto dos olhos azuis, gremista e que gostava de jogos eletrônicos, estava no 9º ano do Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac. E era extremamente tímido, conforme descreve o professor João Pedro Wizniewsky Amaral, que lecionou inglês para a turma do adolescente.

De acordo com Amaral, Gabriel era um menino tranquilo, com amigos e que sentava no fundo da sala. Além disso, o professor recorda que ele sempre foi muito inteligente, mas que a maior dificuldade era fazê-lo falar em aula.
- O Gabriel era daquelas pessoas que tinha vergonha até de sorrir. Na sala de aula, eu tinha dificuldade de fazer com que ele participasse, porque o inglês exige a conversação, mas ele era muito tímido - ressalta.

Segundo o professor, Gabriel surpreendeu quando aceitou participar de um curta-metragem, em 2016. No filme, Amaral diz que o adolescente estava feliz e protagonizou uma história muito parecida com o que chocou a todos no sábado. O nome do filme é O Perigo Mora ao Lado:

- O filme tem uma infeliz coincidência porque o Gabriel morre com um tiro nele. Esse é um dos casos que a realidade, infelizmente, contra a lógica da natureza, imitou a ficção.

A escola está consternada. Vera, a mãe de Gabriel, que está hospitalizada por também foi atingida por disparos, também foi aluna do Olavo Bilac.